terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Uma visita ao Estádio do Dragão

Por Belisa Monteiro (Dicom PUC Goiás)

Aventuras futebolísticas no Porto

Lojinha do estádio

A cidade do Porto, em Portugal, é cheia de encantos. Cada lojinha, bar, rua, igreja e esquina revelam uma surpresa ao turista. Um local para se passear e, obviamente, apreciar. A começar pelas casas de vinho que merecem uma reportagem a la carte. Confissão da jornalista: foi preciso ir até Portugal para descobrir que o vinho do Porto não é produzido no Porto...

Após conhecer uma famosa vinícola da região, que leva o sobrenome de minha família paterna, “Ferreira”, a guia turística Vanda nos liberou com um “vale tarde”, ou seja, tínhamos cartão verde para explorar a cidade livremente, sem passeios previamente programados pela excursão. Como tenho uma quedinha por futebol, estava ansiosa e muito curiosa para conhecer o Estádio do Futebol Clube do Porto que tem como mascote um Dragão. Logo, não tínhamos dúvida do próximo destino. Aventuramos no metrô (detalhe: os turistas mal sabiam utilizar as máquinas onde se compram os bilhetes) e finalmente chegamos ao templo do Dragão.

O time português tem a segunda maior torcida na terrinha lusa. A medalha de ouro nesse quesito é do Benfica, que tem como símbolo uma águia de verdade. Mas uma observação merece parênteses. Os portugueses de uma forma geral são fanáticos por futebol e iniciar uma conversa sobre a pauta em questão com qualquer cidadão local rende uma discussão bem interessante. E tem brasileiro que é ídolo por lá, além de ter apelido de super herói. Dos quadrinhos para o campo? Que nada, do Brasil para o mundo! O Hulk tem escrito as páginas de sua história no Futebol Clube do Porto. Tem foto, banner e autógrafos dele por toda parte. Mas já adianto que não tive a sorte de topar com o jogador por lá. Fica pra uma próxima, quem sabe…


O estádio

A visita funciona no seguinte esquema: o visitante paga 7 euros (quase R$ 20,00 por pessoa) e conhece toda a infraestrutura do estádio incluindo cabine presidencial, onde ficam luxuosas poltronas e TVs digitais por toda parte (a ideia é que os espectadores não percam um lance do jogo, os gols e lances são assistidos com replay), panorâmica das arquibancadas, camarotes de patrocinadores, visita na parte inferior (gramado) e vestiários, além da infraestrutura fornecida aos profissionais da imprensa esportiva(salas e auditório para coletivas com espaço para 100 pessoas sentadas).

Capacidade do estádio: 51 mil espectadores sentados, de acordo com as normas da Uefa. A infraestrutura é de dar inveja a qualquer estádio no Brasil e sua aparência é bem clean, sem mencionar no seu requinte. Se eu pudesse definir o Estádio do Dragão eu definiria da seguinte forma: no mínimo, luxuoso. Um hotel cinco estrelas do meio futebolístico com mimos e muito conforto pra quem compra os ingressos mais caros.

Um guia acompanha os visitantes durante o “Dragão tour” que dura, aproximadamente, de 30 a 40 minutos, mas isso depende muito da curiosidade e empolgação dos visitantes.

Porém, no início da visita, uma decepção. É proibido tirar fotos e/ou filmar no local. Motivos? Não me explicaram muito bem, mesmo comprovando ser uma profissional da imprensa. Mas um fato revelo aos leitores: uma fotógrafa acompanha os visitantes durante todo o percurso e é cobrada uma taxa de 5 euros (pra cada duas fotos tiradas). Depois dessa nenhuma ressalva é necessária, certo?

A jornalista ficou um pouco chateada, mas o baque inicial foi quebrado pela educação, simpatia e receptividade do guia do estádio, o Paulo, que forneceu informações bem precisas durante toda a visita. No passeio alguns detalhes me chamaram atenção. Nos muros inferiores das arquibancadas foram gravados os nomes de todos os torcedores (com o respectivo número do bilhete/ingresso) que compareceram na partida inaugural do estádio realizada no dia 16 de novembro de 2003 contra o Barcelona.

Placar final do amistoso? O time português venceu o visitante catalão por 2×0. Na hora, pensei. “Poxa, se eu fosse torcedora e estivesse presente naquele jogo, com certeza, me daria o próprio trabalho de procurar o nome no muro”. E não é que estão gravados todos os nomes mesmo? Achei bonito, confesso…

Em seguida, antes de entrar na cabine presidencial propriamente dita deparamos com uma maquete do estádio, feita com 180 mil peças de Lego que abrange uma área de 10 m² e 7.500 lugares sentados.

A informação mais preciosa veio em seguida. “A réplica foi montada por 46 crianças internadas no Instituto Português de Oncologia do Porto”, informou Paulo, o guia do estádio. “Só desconsiderem o metro que realmente não existe aqui. Foi liberdade de criação das crianças. Podia existir não é mesmo?”, brincou.

E, falando em meninada, não é que estava rolando uma festinha de aniversário quando estávamos por lá? O estádio sedia diversos tipos de eventos: feiras, exposições, solenidades esportivas e até festinhas particulares. Na cabine presidencial também ficam expostos os troféus conquistados na Supertaça Cândido de Oliveira (2010) e o Campeonato Nacional (2010/2011).

Como jornalista não poderia deixar de descrever a sensação ao entrar no auditório onde são realizadas as coletivas de imprensa. Duas crianças portuguesas não se contiveram e sentaram nas cadeiras destinadas aos jogadores.

-Agora ficou completo. Temos um técnico, um jogador e uma jornalista aqui. Podemos começar a coletiva! (brincou o guia).

Mesmo sem poder registrar em flashes o que ocorreu lá dentro, posso dizer que a experiência foi, no mínimo, interessante. E outros passeios estariam por vir. Antes do ponto final compartilho também uma foto feita na entrada do Estádio da Luz, em Lisboa, que pertence ao Benfica. Empolgada com o city tour pela capital lusa no primeiro dia cheguei no estádio às 18h05 e o horário de fechamento é 18 horas. O que não são cinco minutinhos...


A águia é o símbolo do Benfica. E existe uma de verdade na lojinha do clube.